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Clique pra dentro: 7 dias sem Instagram (parte #1)

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Por Flávia Cadinelli

Há sete dias declarei pausa: me propus a uma limpeza da mente, das emoções, dos hábitos relacionados ao Instagram. É interessante como, no nível do nosso Ego, tendemos a afirmar que “não nos afeta”. Mas quando tomamos conhecimento de que tudo que consumimos de informação, imagens e palavras, vai nutrindo nossa camada inconsciente e passamos a “agir e reagir” a situações sem compreender o por quê, assumimos o quanto afeta sim. E é muito. 

Declarei minha pausa no perfil pessoal neste post aqui. (Algumas pessoas se preocuparam e contarei mais sobre o desenrolar do meu desafio pessoal nas próximas partes. PS: Você vai ver as interações antes de mim, massa né?)

Na minha fase de TPM (tensão pré-menstrual), após muito auto observar a partir dos convites da Produtividade Cíclica, já sei que tenho a tendência de me comparar ao outro, daquelas comparações, claro, que só você perde: o palco do outro com seu bastidor. Pela minha produtividade (lê-se “trabalhar e realizar como uma máquina assim como a sociedade espera de nós”) cair nessa fase do ciclo, dando lugar a uma necessidade maior de introspecção, intuição e criatividade, logo me sinto abaixo do padrão.

O sonho do planeta

Todas essas sensações descritas fazem parte do que Miguel Ruiz, autor de “Os Quatro Compromissos”, define como o sonho do planeta. A gente nasce em um contexto em que já definiram metas pra nós. Já definiram réguas, posturas, “certo” e “errado”. Após muitas ansiedades, tropeços e autoconhecimento que conseguimos re(conectar) com o sonho interno, aquelas aspirações que fazem sorrir a alma – tão autênticas, tão suas

Na minha análise, de Educadora em Autoconsciência, Meditação – e também Comunicação Social, minha formação acadêmica-formal original – a timeline do Instagram nos confunde justamente de quais sonhos são verdadeiramente meus e quais fazem parte desse inconsciente coletivo, do “tem que”. Certamente, o sonho do planeta vai se transformando de acordo com as gerações e as rupturas que vão nos trazer novos padrões. 

É nítido que na geração dos meus pais, hoje em torno dos 65 anos, o sonho era:

  • casa própria
  • casamento e filhos
  • emprego estável, de preferência que se possa completar 30 anos de empresa sem ter sido demitido
  • carro
  • plus: casa de praia, campo ou viagens

Sair desse padrão era para a galera hippie, os “errados” no rolé, revoltados. Viver o hoje? Quando a aposentadoria chegar. Foram programados para essas realizações, assim como percebo que a minha geração (tenho 33) foi extremamente condicionada ao estudo formal (se chegar no Doutorado, melhor ainda) para conquistar as melhores oportunidades, ter “segurança”, “estabilidade”.

Para tanto satisfazer o prazer dos pais ao falar sobre os filhos como exemplos de sucesso, quanto para… não sei. Condicionamentos não têm explicações conscientes: é o que é. Triste (principalmente enquanto não tomamos consciência deles).

Ainda pegamos a rebarba de casamento e filhos como medida de vida realizada. Uma nova geração, coladinha em nós, veio desconstruindo e estamos imersos em escolhas mais diversas, que ainda geram um “óh”, fato. O empreendedorismo ganhou espaço como modelo de trabalho, com menos vergonha de dizer que não há carteira assinada. Mas sim, o empreender veio com seus próprios sonhos do planeta.

Empreender com sucesso é não ter tempo – é chic agenda cheia. Chic aportes para a startup, chic mesmo é passar minimamente dos 10 mil seguidores, “pelamor”. Chic é e-commerce de sucesso, estratégias de marketing em dia, palestrar no TED.  Ser case. Feed harmônico. Ter canal com inscritos no Youtube, receber convites e presentes, estar no ranking

Que suador cumprir as aspirações coletivas! E o sonho interno, aquele sabe? Aquele que arranca um sorrisinho de lado e um suspiro…  Cada um tem o seu, lá no íntimo. De escrever, dançar, cantar, conhecer certos lugares, de criar, de ser genuíno, de ser leve, de ser, apenas SER, vai ficando abafadinho, rouco, afônico. Que horas dá pra SER, em uma sociedade ainda tão presa no TER, no FAZER? Como se sentir em paz na inércia, na pausa, na entrega ao momento?

Esse foi só UM exemplo de área de interesse em que essas sensações são observadas. São muitas: consumo, experiências, beleza, família, saúde, comportamento. Pincei o empreendedorismo no palheiro por ser um campo presente na minha jornada e que, se a inconsciência predominar, vou sair investindo vida em ações que talvez não sejam importantes no meu sonho interno. 

Me percebi "enevoada"

 São muitos os hábitos do padrão atual, que simplesmente replicamos, como o rolar o feed do Instagram. Ficou “normal”, óbvio investir tanto tempo nessa ação passiva. Enquanto o dedo faz o movimento robótico, nosso sistema vai absorvendo: frases prontas, cores, lugares, pessoas, desejos, julgamentos, comparações. Todos passamos por esse processo, nossa mente é instrumento poderoso para categorizar rapidamente tudo que vê. O que ela não nos ajuda é na confusão que causa. 

Na último ciclo de TPM, estava me perdendo. O nevoeiro entre sonho interno e o sonho do planeta estava avantajado, citando novamente a sabedoria de Miguel Ruiz. O Instagram entendeu há tempos que #empreendedorismo me interessa, ele talvez não saiba, por não acessar (ainda) meu sonho interno, qual vertente dele me faz vibrar. Então recebo, todo dia – o dia todo – as “melhores” dicas e caminhos pro meu negócio e minha marca pessoal terem sucesso. “Reconhecimento”, “Vendas”, “Branding”, “Propósito”, “Missão”, “Faturamento”, “Tendência”, “Feed”, “Audiência”. Que canseira, hein, sonho interno.

Percebo que, segundo o sonho do planeta atual, ando em alguns pontos “atrasada”. A sensação constante é de atraso. “Era pra ser dessa forma, e não está sendo” – frustração, baixa auto confiança, inadequação. Um misto de ansiedade com preguiça. Um misto de dentes apertados com o suspirar profundo. 

Fora as imagens de palco do outro, assim como você tem as suas e certamente ativa o inconsciente do coleguinha. Troca-troca de viagens, pratos bonitos, vinhos, reconhecimento profissional, bebês, casais, festas, conquistas externas, chec nos sonhos do planeta. Um recorte para prestar contas, primeiro a você mesmo, de que “tudo vai bem” – pelo menos era pra sentir a sensação de que vai. Se não sente, pelo menos o ato de colocar ali vai validar por minutos uma tranquilidade extremamente passageira. E informar pro outro que “vou bem”, obrigada.

 

Os choros, as crises ansiosas, os sentimentos de fracasso ficam no travesseiro. O sufocamento por não “ter tempo” para o que realmente traz alegria (sonhos internos), a pressa, a autocobrança ficam no refluxo do estômago, na falta de ar. No instagram, a gente segue o efeito manada, o que é bacana de ver (você ver de si mesmo, principalmente).

Aqui, nessa introdução, nesse texto #01 de quem sabe dois ou três devaneios sobre a (falta da) rede social, quis aquecer os motores para a trilha autêntica que vem.  Trilha de apenas percepções de um experimento totalmente pessoal. Sem “passo a passo”, sem “5 coisas para”, sem “receitas”. Apenas sensações reais de um simples passo, sim, pra trás, um clique pra dentro.

Por hoje, me conte: qual palavra ou frase acima tocou aí em você?

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